07 maio 2011

Parábola de Mãe

A jovem mãe iniciava seus passos na estrada da vida. “É longa a viagem?” perguntou ela. “Sim”, respondeu o guia, “o caminho é longo e cheio de dificuldades. Envelhecerás antes de chegares ao ponto final; mas esse final será melhor do que o início.”
E a jovem mãe sentia-se tão feliz que não podia crer na possibilidade de dias melhores do que os do presente. Então, brincava com os filhos, colhia-lhes flores ao longo do caminho, banhava-se com eles nas águas límpidas dos regatos; o sol brilhava sobre eles; a vida era boa; e a jovem mãe exclamou: “Nada haverá mais belo, mais encantador do que isto!”
Desceu, então, a noite; desabou o temporal; a estrada ficou escura; os filhos, tremendo de frio e de medo. E a mãe, aconchegando-os a si, agasalhou-os com o seu manto; e as crianças, protegidas, murmuraram: “Ó mamãe, nada mais temeremos, pois está conosco, e mal algum nos pode sobrevir!” E a mãe exclamou: “Isto é mais valioso que o esplendor do dia, pois ensinei meus filhos a serem corajosos.”
Raiou a manhã seguinte. Eis uma montanha à frente. Começaram a subir; os filhos sentiam-se cansados; a mãe sentia-se cansada também, mas os animava a todo instante, dizendo-lhes: “Um pouco de paciência e chegaremos ao alto.” Assim, as crianças iam subindo, subindo… e ao chegarem ao topo da montanha, disseram: “Não poderíamos subir e vencer sem o teu auxílio, mamãe.” E a mãe, ao deitar-se aquela noite, contemplando as estrelas, exclamou: “O dia de hoje foi melhor do que o de ontem, pois meus filhos adquiriram força em face das dificuldades. Ontem, dei-lhes coragem; hoje, dei-lhes vigor.”
E o dia seguinte raiou com estranhas nuvens que escureciam a Terra – nuvens de guerra, ódio e pecado. Os filhos, caminhando às apalpadelas, tropeçavam, e a mãe os animava: “Olhem para cima; levantem o olhar para a luz.” E eles, erguendo os olhos, divisaram além das nuvens, uma Glória Eterna que os guiou e protegeu na jornada através da escuridão. E, ao findar aquele dia, exclamou a mãe: “Este foi o melhor de todos os dias porque hoje revelei Deus aos meus filhos.”
Iam-se passando os dias, as semanas, os meses, os anos… E aquela mãe chegou à velhice… sentia-se definhada, curvada sob o peso dos anos. Mas os filhos estavam crescidos, fortes, cheios de coragem. E quando a estrada se tornava difícil, eles a auxiliavam; quando o caminho era áspero e pedregoso, tomavam-na nos braços, pois era delicada como uma pena. Depois de algum tempo, chegaram a uma colina, e além dessa colina distinguiram uma estrada brilhante, terminada por largos portões dourados. E a mãe exclamou: “Cheguei ao fim da jornada. Agora sei que o final é melhor do que o princípio, pois meus filhos podem andar sozinhos, e seus filhos depois deles.” E os filhos lhe disseram: “Tu andarás sempre conosco, mamãe, mesmo depois de haveres atravessado os portões.”
E eles esperaram, vigiando-a enquanto seguia sozinha, até que os portões se fecharam sobre ela. Então, exclamaram: “Nós não podemos vê-la, porém ela ainda está conosco. Uma mãe como a nossa é mais do que uma memória. Ela é uma presença viva.”

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